Estabelecer regras em sala de aula é uma necessidade — mas a forma como isso é feito faz toda a diferença. Regras impostas de cima para baixo tendem a gerar resistência. Já aquelas construídas com a participação dos alunos ganham outro peso: criam compromisso, senso de pertencimento e, o mais importante, funcionam.
Neste post, compartilho uma atividade prática para professores que desejam construir regras e procedimentos de forma colaborativa, logo nos primeiros dias de aula (ou como reinício, após momentos de conflito).
Atividade: Contrato de Convivência com Sentido
Uma proposta simples, eficaz e que reforça a autoridade do professor com base no diálogo, na escuta e na clareza de propósitos.
Tempo estimado:
1 aula (cerca de 50 minutos)
Objetivos:
- Construir coletivamente as regras da turma.
- Estimular a reflexão sobre convivência e respeito.
- Tornar os alunos coautores do ambiente escolar.
- Reforçar a autoridade como um vínculo, não como imposição.
Passo a passo da atividade
1. Comece com uma pergunta provocadora
No quadro, escreva:
“O que é necessário para que a nossa sala seja um lugar de aprendizagem e respeito?”
Deixe que a turma pense. A pergunta já direciona o foco: não é sobre o que “não pode fazer”, mas sobre o que é necessário para o coletivo funcionar.
2. Provoque uma tempestade de ideias
Forme duplas ou trios e peça que anotem:
- Três atitudes que ajudam o ambiente de aprendizagem;
- Três atitudes que atrapalham.
Você pode fornecer uma folha com duas colunas ou pedir que escrevam em post-its, por exemplo.
3. Sistematize com a turma
Recolha as ideias e escreva no quadro, agrupando por temas: respeito, organização, uso de celular, escuta, pontualidade, etc.
Aqui, conduza a discussão com perguntas-chaves:
- Por que essa atitude ajuda?
- Essa regra é clara para todos?
- Como ela poderia ser formulada de forma justa?
4. Elaborem o “Contrato da Turma”
Com base nas ideias do grupo, formule de 5 a 7 regras essenciais. Dê preferência a frases afirmativas e objetivas.
Evite:
✘ “Não usar celular.”
Prefira:
✔ “Guardamos o celular durante as explicações.”
Essa reescrita fortalece o senso de propósito, e não apenas a proibição.
5. Assinatura simbólica e compromisso coletivo
Transformem o contrato em um documento visível: pode ser um cartaz fixado na sala, uma folha plastificada ou até um mural digital (feito no Canva, por exemplo).
Todos assinam. E mais importante: combinem que esse contrato será revisitado após 30 dias, para ajustes, reflexões e reforço da responsabilidade coletiva.
Dica extra
Durante o semestre, quando surgirem conflitos ou resistências, volte ao contrato e pergunte:
“Essa atitude está em sintonia com o que a gente combinou?”
Essa retomada fortalece o papel do professor como alguém que escuta, acolhe e exige — ao mesmo tempo.
Por que essa atividade funciona?
Porque transforma regras em sentido. Porque valoriza a participação dos alunos. Porque estabelece um marco de convivência que não se baseia no medo, mas no respeito mútuo.
E, principalmente, porque reafirma a autoridade docente como aquilo que ela deve ser: presença coerente, justa e constante.
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